"Escreve-se um poema devido à suspeita de que, enquanto escrevemos, algo vai acontecer, uma coisa formidável, algo que nos transformará, que transformará tudo. Como na infância quando se fica à porta de um quarto obscuro e vazio. Poder-se-ia esperar um dia inteiro, dias seguidos. Acontece o mesmo, quero dizer: não acontece nada.
A suspeita apenas de que nos aguarda uma espécie de graça reticente, um dom reticente."
Herberto Helder
27.12.06
à porta de um quarto
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