1.1.07

receita de ano novo

A intenção original deste post seria a de publicar o poema de Drummond ao qual usurpou o título e que começa assim

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, (...)

concluindo, num desses subtis arremedos de optimismo drummondianos

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Há, no entanto, outro poema de Drummond que me tem servido (e com que abundância) como receita de ano novo. Este mais seco, lapidar, cansado, daqueles que posso evocar a qualquer momento em jeito de síntese (ou epitáfio).

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

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