26.11.06

Inventário que é uma arte poética

Não esquecer o ramo onde te sentes com um livro
e em volta a chuva e suas pequenas germinações
(ouvir Soyinka sobre a beleza e o consolo)

Ou como a sombra se prolonga ainda
desde essa primeira sombra, original
nascida há cinquenta anos (ou mais?)
(o rosto de Kopland como se batido
pelo voo dos gansos)

E os amigos infundem suas palavras devagar
amados até ao centro de certas árvores
os dedos atentos à mineral solidão

Então a voz permea as magnólias
as crianças sentadas, os restos
regressam vestígios de carne
o odor das espigas, humidade

(e quando nenhuma palavra for possível
escrever o silêncio e nada mais)

1 comment:

Ireth said...

Porque sabes que me lembro de ouvir este poema ao ouvido...
E porque todas as tuas imagens, ainda que dispersas, são bonitas, entranham-se na alma e comovem...